Os ciganos na Umbanda

Os ciganos na Umbanda

Quando falamos da entrada da linha dos ciganos na Umbanda Sagrada, não encontramos datas ou registros precisos. Ao que nos parece, após pesquisas, não houve um criador da linha e ela, como outras, surgiu de forma espontânea em diversas casas e terreiros espalhados por diversos locais. 

Em alguns locais, esta linha foi recebida de forma discreta dentro de outras linhas, como a esquerda e os baianos.

De toda forma, podemos dizer que há décadas os ciganos resistem, ao mesmo tempo que nos encantam com suas alegres giras e festas, nos terreiros que abrem as portas para esta força.

Logo, surge a questão, quem são os ciganos? Seriam eles os ciganos encarnados? Bom, sim e não! Os ciganos, enquanto linha de trabalho espiritual, não limitam a entrada na egrégora somente a espíritos que foram ciganos ou tiveram uma encarnação cigana. 

Os ciganos enquanto linha estão associados a uma egrégora de prática da caridade, por meio da regência maior de mãe Oroiná, Orixá feminina do Trono da Justiça, que assume um papel reenergizador e purificador dentro da Umbanda Sagrada. Portanto, os ciganos trabalham na energização e na purificação de diversos campos da vida, porém, podem trabalhar em inúmeros outros campos como a cura e o amor.

Por exemplo, a entidade que se denomina Cigana do Arco-Íris, poderá ser uma entidade purificadora dos que se desvirtuaram no campo do Amor, perderam o uso da razão apresentando apatia, coração fechado, vibram no ódio etc. Essa interpretação pode ser feita, porque o Arco-Íris remete a Oxumarê, Orixá do Amor que cuida dos desequilíbrios nesse campo. Assim, podemos chegar à mesma analogia para demais ciganos.

Já no tocante aos elementos e cores por eles utilizados, são formas de trabalhar para o nosso benefício a partir do plano natural (matéria) e cada um encontra respaldo em algum significado, energia. Por exemplo: A moeda do cigano tem a ver com a Orixá Oxum, na parte que toca a prosperidade e o próprio elemento mineral.

O pandeiro, por lidar com o som (vibrações sonoras), está relacionado à Orixá Iansã, regente das vibrações. E, pensando que nossos sentimentos íntimos são vibrações, o tocar de um pandeiro pode muito bem introduzir vibrações de paz e de alegria em quem ele tocar no coração! Se pensarmos também em vibrações negativas externas, estas podem ser transmutadas a partir do som de um pandeiro, se o guia utilizá-lo com essa função. (Nota do autor: aqui foi feita a construção de uma possibilidade, mas claro que quem determina para o que serve o pandeiro são os guias, profundos conhecedores do poder desses elementos.) 

Umbanda tem fundamento, é preciso estudar!

Portanto, ao chegarmos em uma gira cigana dentro de um Terreiro, lembremo-nos de que os guias são seres de Luz, trabalhando nos campos de diversos Orixás e seus Mistérios (e poderes), com a regência da Orixá Oroiná, e que seremos descarregados, acolhidos e renovados!

Axé! Salve o Povo Cigano!

REFERÊNCIAS: 

  1. EVANDRO OTONI. O Povo Cigano na Umbanda.
  2. Desenvolvimento Mediúnico – TSA
  3. RUBENS SARACENI. Rituais Umbandistas, Oferendas, Firmezas e Assentamentos