O chifre do boi

Zé do Laço nos diz:

“O mundo do desconhecido faz todo coração tremer. Isso faz parte da natureza humana. Vocês estão atrelados demais à percepção do corpo físico e, ao menor sinal do desconhecido, vocês perdem o chão. Tudo fica escuro e o desespero reina. É difícil sair dessa nuvem escura e espessa que vocês mesmos conjuram. Daí vem a gente laçando quem se perdeu nessa escuridão sem destino.

Menino, enquanto vocês não entenderem que a experiência humana se baseia no desconhecido, enquanto vocês não perceberem que vocês estão tateando e testando os melhores caminhos para a evolução do espírito, só resta esperar que vocês se percam. O problema não é o vaqueiro arrebanhar o gado perdido, ou o boiadeiro laçar o cavalo arisco. Muito mais importante é que o coração de vocês pare de galopar a esmo, perdido da própria neblina da ilusão. Muito mais importante é respirar diante dessa escuridão da consciência e acender a chama da fé e da esperança. Se o lampião não queimar, a casa fica escura e a sombra domina o pensamento.

Não adianta ver ou ouvir espírito e achar que o desconhecido já foi dominado. Isso é secundário e, na maioria das vezes, desnecessário. Eu me refiro muito mais ao desconhecido da alma – a força espiritual que está escondida na mata escura da ignorância, ou até mesmo aprisionada pelos grilhões do medo. Se vocês não entenderem que é preciso desbravar esse território inóspito da alma, a algema do medo fica cada vez mais apertada e, para quebrar, demora. Chega até a doer…

Menino, eu estou falando de evolução espiritual, de trilhar um caminho que sempre vai oferecer o desconhecido. Vocês precisam é de coragem para segurar o chifre desse boi e dar o próximo passo. Quem tem medo de boi bravo, treme só de ouvir o mugido. Se você se amedronta com a doença, com a fome e com a guerra, então não está preparado para lutar. Vai ver o boi de frente e vai sair correndo de medo, se é que me entende. Você pode achar que a minha fala é injusta ou cruel, mas, sem a gana de lutar, de vencer o desafio, vai cair e virar carniça, presa de urubu. Se você visse o que eu vejo, se você aumentasse um pouquinho a sua percepção espiritual, não temeria as minhas palavras.

É por isso que eu estou aqui, dedicado a laçar todos esses bichos que se perderam pelo medo e pela dúvida. Estou aqui para trazê-los de volta e encorajá-los para que enfrentem seus bois bravos dos quais já fugiram em outras ocasiões. Então, eu pergunto: por que você encara para o desconhecido com tanto temor, se você já sabe que a sua caminhada não termina por aqui? Vai ser laçado até quando? Forçado a enfrentar aquilo que te faz fugir? Moço, arregaça essa manga e vai trabalhar. Eu sou Zé do Laço e te laço de volta num instante, se o boi bravo te amedrontar.”

Seu Zé do Laço

Psicografado pelo médium Diogo Silva