Breve História da Pombagira Rosa Amarela

Bom, há muito tempo, na época da Inquisição em Portugal, eu sofria como uma bruxa. Meu trabalho era benéfico para a população de uma pequena vila, até que uma senhora insatisfeita me denunciou à Inquisição. Logo, fui queimada, e, desde então, me afundei nos meus próprios sentimentos de solidão. Ali foi a minha queda.

Minha queda começou quando, já morta, eu via, eu achava que era iluminada, muito bonita e querida, que todos me queriam por perto. Mas isso só me levou à ruína. Era como se eu tivesse entrado em uma ilusão—de ser amada—e não conseguisse sair. Só fui me afundando cada vez mais no sentimento de solidão, permitindo que os outros fizessem o que quisessem comigo, principalmente no campo espiritual.

Servi a muitos senhores das sombras até finalmente despertar. Até que, um dia, um Preto Velho leu minha mão e me despertou para a vida. Mas isso é história para outro dia…

A lição dessa mensagem é não se deixar enganar pelas aparências. Às vezes, achamos que somos queridos, que gostam da nossa companhia, mas nem sempre é verdade. Muitas vezes, o que brota dos corações alheios não é afeto, mas ódio, inveja e raiva.

Portanto, sem medo, mas com cuidado, para não cair em uma ilusão como eu caí. Melhor sozinho do que mal acompanhado!

HAHAHAHAHAHA!

Inspirado pela Pombagira Rosa Amarela.

Ilustração: Mayara Assis