Encontro com Orixá Nanã

Encontro com Orixá Nanã

Por Tamis Lima

Comecei o desenvolvimento pedindo para Nanã cuidar de mim.

Na incorporação, ela não veio em terra, ela me levou para junto de si. 

Percebi que eu estava perdida em seu pântano, presa até o joelho, sem conseguir ver e sentir. Quanto mais eu lutava para sair, mais fundo eu ia, meu Deus, quanto desespero.

Quando acalmei meu coração e pedi à Senhora do Pântano para me acolher em seu colo (esse colo que todos dizem ser o colo mais gostoso, e que para mim até hoje foi angústia), pude pela primeira vez ouvir sua voz, baixinha: “Para eu te tirar daí, fia tem que decantar; acalma teu peito e aceita onde você está.”

Chorei baixinho e profundamente, porque senti que não estava mais sozinha. Ela sempre esteve ali me observando de longe, respeitando meu tempo e minha dor.

Foi então que eu vi ali no horizonte a minha criança, perdida e arisca, como um animal selvagem. No seu olhar eu vi o desespero e o desamparo. Pedi ajuda a mãe Nanã, e juntas a resgatamos. Pude finalmente acolher aquela menina, que morde para afastar os outros, achando que assim poderá se proteger daqueles que um dia se aproveitaram de sua ingenuidade. Em minha mente, eu só conseguia lhe dizer, apertando-a em meus braços: “Me perdoa meu amor, me perdoa por não ter te encontrado antes!”

Sinto que algo em mim entrou, finalmente, numa jornada de cura. Tenho muito trabalho pela frente, mas hoje entendo o caminho a percorrer.

Saluba minha mãe!

Psicanalista, Especialista em Neurociências e Psicologia Positiva. Estudante de Arquétipos de Matrizes Africanos desde 2015 e Umbandista apaixonada pela religião desde 2022. Aluna do desenvolvimento mediúnico de quarta-feira.