O Exu por Pai Rubens Saraceni

O Exu por Pai Rubens Saraceni

Um dos temas mais polêmicos e adorados, em termos de religiões de matriz africana no Brasil, é a figura de Exu, seja ele o Orixá, sejam as entidades denominadas Exus. Algumas casas e algumas pessoas criam verdadeiro fetiche em torno de sua figura, talvez, por ela carregar em si tantos fatores transgressores de uma moral européia tradicional, de forma que, em alguns casos, Exu se torna um símbolo de alguma rebeldia pessoal, sem muita ligação religiosa.

Esse, felizmente, não é o caso do Templo do Sol de Aruanda. Aqui, fundamentamos nosso culto às entidades de esquerda (Exus, Pombagiras, Exus mirins e Pombagiras mirins) dentro de fundamentos sérios e profundamente enraizados na Teologia de Umbanda sagrada.

Mas, afinal, quem é Exu?

Como falei acima, falar sobre Exu pode ser um verdadeiro balaio-de-gato, porque é preciso ter em mente qual é a tradição religiosa a que nos referimos, quando falamos em Exu. E, aqui, vamos falar sobre o Orixá Exu na Umbanda Sagrada, canalizada pelo mestre Rubens Saraceni e orientada pelo pai Benedito de Aruanda.

Existem outras vertentes e estudos sobre a teologia de Exu (seja Orixá, seja entidade). Para citar os mais conhecidos, há Exu (e Exus) no Candomblé, na Umbanda Tradicional, na Umbanda Kardecista, no culto de Jurema, na Quimbanda, no culto de Ifá etc. Cada religião tem seus fundamentos próprios, e valorizamos e respeitamos essa pluralidade, pois o fenômeno da espiritualidade é maior do que a experiência humana pode captar.

Mas aqui falaremos dos nossos preceitos: o Orixá Exu na Umbanda Sagrada.

Exu, o primeiro Orixá: no princípio era o nada

Antes de o pai Olorum (como chamamos o Deus Criador) exteriorizar seus pensamentos, isso é, antes de Olorum criar tudo o que existe, foi preciso criar o vazio que precede toda criação.

Essa ideia parece simplesmente inconcebível em termos concretos, mas, se pensarmos a partir de uma filosofia sobre a origem das coisas, aqui existe um importante fundamento: a criação de tudo só poderia ser possível se existisse um espaço vazio a ser completado por esse tudo.

E esse vazio não existia, porque nada existia senão Olorum em sua totalidade.

Logo, o primeiro Orixá criado foi aquele que ocupou o nada. Ocupou com o quê? Com o vazio, isso é, com a falta de qualquer outra coisa, mas que poderia ser ocupada por qualquer outra coisa. Esse Orixá foi denominado Exu.

Em outros termos, podemos dizer que Exu foi um estado de potência de criação, isso é, uma energia que possibilita o surgimento de todos os demais Orixás, porque, Exu sendo o senhor do vazio, tudo aquilo que não é o vazio, é algo.

E a partir do vazio, Olorum pode criar os demais Orixás e tudo mais que existe. 

Por isso é que, na Umbanda Sagrada, além de cultuarmos a entidade Exu que vem trabalhar com suas características e posturas tão específicas na linha da esquerda, consideramos Exu o primeiro Orixá criado por Deus.

Quer saber mais? Procure o TSA para falarmos a respeito 🙂

Professor e escritor de São Paulo, sou umbandista desde 2020, Escrevo Literatura, tenho formação em Letras e Oxalá de frente (aluno do desenvolvimento mediúnico de quinta-feira).