
Uma Nova Consciência Sobre O Orixá Exu
Por Pai Rubens Saraceni
Ao estudarmos o Orixá Exu na Umbanda, temos que ser cuidadosos para não confundirmos com o seu estudo já realizado na África pelos antigos sábios e sacerdotes que abriram para a humanidade tanto o culto a ele quanto a todos os Orixás. A forma de abordar o mistério Exu é outra e atendeu ao entendimento existente naquela época e às necessidades religiosas dos povos que primeiro foram beneficiados com o amparo e Axé dele.
A Umbanda nascida no Brasil com o advento do senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas se serviu de outro meio ou recurso para estudar os Orixás e não ficou limitada unicamente ao que por aqui já se sabia sobre eles, sendo que o sincretismo foi nos primeiros anos da Umbanda a forma de ensiná-los aos médiuns umbandistas que nada sabiam sobre os Orixás, mas conheciam muito bem os santos cristãos, cultuados por todos os seguidores da igreja romana.
O Orixá Exu em si mesmo recebeu pouca atenção dos umbandistas de então, que centraram seus estudos nos muitos Exus que baixavam em suas sessões ou giras públicas.
Relendo antigos livros de Umbanda editados a partir de 1940, vemos a descrição de muitos Exus que baixavam em seus médiuns e que recebiam uma atenção acentuada dos autores, mas que escreviam pouco sobre o Orixá Exu. Inclusive, muitos não o tinham na conta de um Orixá, e sim o descreviam como “serventia” dos (estes sim) Orixás da Umbanda.
Ótimos textos sobre os Exus da Umbanda foram publicados, sincretizando-os com deidades desconhecidas ou tidas como negativas ou do mal, tais como: Lúcifer, Belzebu etc. Isto facilitou o trabalho para os que combatiam (e ainda combatem) a Umbanda, associando-a ao culto do mal, ao satanismo, ao baixo espiritismo, à magia negra, ao paganismo etc.
Os adversários e os inimigos da Umbanda foram implacáveis e oportunistas, justamente pela falta de um conhecimento superior fundamentado sobre os Orixás, mais especificamente sobre o Orixá Exu, o “espantalho” usado por eles para assustar seus seguidores, apavorando-os com “demônios” que baixavam na nossa religião.
Alguns autores associaram os Exus de Umbanda com bandidos, assassinos, ladrões etc. e as Pombagiras com ladras, assassinas, prostitutas, feiticeiras e bruxas do mal, levando muitos a crerem que na Umbanda se trabalha com a escória do baixo astral, fato esse que serviu como uma luva para os inimigos da Umbanda, denegri-la como religião e classificar como adorador do diabo quem se apresentava como Umbandista.
Esses autores, no afã de se mostrarem grandes conhecedores dos Orixás e de Exu em especial, não perceberam o dano que causaram para a religião que queriam divulgar, tendo inclusive alguns autores umbandistas que chegaram ao cúmulo de recomendar aos pais que tomassem cuidado com suas filhas que incorporassem Pombagiras com determinados nomes, autores esses que preferimos omitir seus nomes para não envergonharmos ainda mais a nossa religião, ainda tão incompreendida pelos seguidores de outras, justamente por causa desses mesmos autores de livros sobre a Umbanda.
Ego e afoiteza ou oportunismo são os principais adversários da Umbanda e os perpetradores desses textos mal ou erroneamente fundamentos sobre o Orixá Exu e associando os Exus que nela baixavam como deidades infernais de outras religiões só atrasaram em muito o reconhecimento dela como uma religião do bem e aberta para todos.
A fundamentação correta do Orixá Exu e de todos os outros Orixás dentro da Umbanda, iniciada com a publicação do “Livro Exu” e posteriormente do livro “Orixá Exu”, “Orixá Pombagira” e “Orixá Exu Mirim” começou a desmistificar, a desdemoniar, descapetar, dessatanizar esses Orixás e seus manifestadores dentro da Umbanda.
Sabemos que muito ainda precisa ser feito nesse sentido para desenvolvermos a esquerda da Umbanda ao seu devido lugar, mas a transformação dos conceitos sobre os espíritos que se manifestam com nomes simbólicos e como de esquerda já começou e os autores que não se adaptarem aos novos e fundamentadores conceitos com certeza serão refutados e olvidados pelos umbandistas, já mais esclarecidos nesse segundo século de existência da religião Umbanda.
O despertar dessa nova consciência e entendimento sobre o Orixá Exu e seus manifestadores já começou!
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