Batizados e Conversões – A reafirmação da Fé

Batizados e Conversões – A reafirmação da Fé

Batizados e Conversões – A reafirmação da Fé

No dia 6 de abril de 2024, o TSA realizou o ritual de batizados e conversões. Foram 3 batizados: um bebê e duas filhas da casa que ainda não tinham sido batizadas em outra religião e, aproximadamente, 75 filhos da casa (entre membros da corrente e alunos) que já haviam sido batizados em outra religião e agora se converteram e foram reapresentados a Deus, Olorum, Zambi, pelo olhar iluminado da Umbanda.

A casa estava cheia! Cheia de olhares emocionados, jovens ou mais experientes, novos de casa ou de longa data. Tinha gente usando sua roupa branca de terreiro pela primeira vez; médiuns mais antigos com seus panos de cabeça já manchados de amacis; familiares e convidados vibrando felicidade. Eu olhava ao redor e era possível ver e sentir a particularidade de cada história.

A fila andava, os pretos velhos lavavam os oris, os caboclos cruzavam as coroas e, ao som da curimba, fomos todos abençoados com a luz divina. Reafirmamos nossos valores e nos comprometemos em fazer o bem, em trazer mais luz para esse plano.

Para mim, me converter para a Umbanda foi a maior confirmação da minha fé e do meu comprometimento com minha vó, que me deixou a responsabilidade de dar continuidade ao trabalho que ela fez durante sua vida com a Umbanda. Ajoelhada aos pés de Vô José para a lavagem da minha coroa, pude sentir que minha caminhada começou. Enquanto todos cantavam os pontos, ao som das palmas, senti toda minha ancestralidade e a certeza absoluta de que encontrei o meu lugar. Mas não podia descrever esse dia apenas pelo meu olhar. Me senti na obrigação de trazer aqui os relatos de meus irmãos de fé para descrever o que de longe foi a experiência coletiva mais linda que já vivi.

A Kelly Guidotti, cambone da corrente, passou sua vida buscando sua conexão com Deus. Conheceu várias religiões até que encontrou a Umbanda Sagrada. Em seu desenvolvimento, foi se reconhecendo em si mesma, nas palavras das entidades, nos Orixás que regem sua coroa. O momento da conversão com certeza foi o momento da maior afirmação. “Ser Umbandista pra mim trouxe o sentido da vida, é o que eu acredito”.

Ainda falando sobre sentido de vida, ouvi o relato da Ana Ceribelli, cambone da corrente que, além de reafirmar o seu voto de estar trilhando seu caminho até Deus, também teve a certeza de que está conduzindo sua vida de forma mais segura de acordo com o que ela acredita e não como as pessoas diziam que teria que ser. A Ana não é de São Paulo e, longe de sua família, trouxe uma amiga para assistir ao ritual. E acho que isso simboliza a vontade que todos nós, filhos de pemba, temos de levar ao mundo a palavra da Umbanda. Não é preciso ser Umbandista para pisar em um terreiro e ver todo o bem que essa religião representa.

Para Fabiana Quarterola, aluna do desenvolvimento e amiga muito querida que tenho a honra de acompanhar nessa caminhada espiritual, o dia da conversão foi um dia de renovação, de se abrir para a fé. A certeza de que é um caminho de verdade e não apenas um experimento. Ao som de “Ogum é meu pai, Ogum é meu guia”, se permitiu sentir toda a vibração de sua espiritualidade, um recomeço, um novo momento. “A gente se vê nos outros e os outros se veem na gente, e a gente sente junto”. A fé compartilhada que nos faz sentirmos pertencentes.

Um dos relatos mais bonitos que ouvi foi da Ju Domingues, cambone da corrente que descreveu o que é ser umbandista: “Ser umbandista não é apenas frequentar o terreiro, bater palma e cantar ponto. Ser umbandista é bater cabeça pro congá, é cruzar solo sagrado e agradecer a todos os guias e orixás que te acompanham todos os dias. É pedir licença à mãe Iemanjá ao entrar ao mar, é louvar Mamãe Oxum ao ver uma cachoeira, é saudar Pai Oxóssi ao cruzar a mata, é olhar um raio se formar no céu e agradecer a mãe Iansã. Ser umbandista é se entregar de corpo e alma à sua fé.”

Ao fim, Pai Paulo e Mãe Carol abraçaram um por um, com os olhos emocionados e os sorrisos mais lindos, e parabenizaram cada filho que se entregou à fé em Olorum. Que família mais abençoada é essa que o TSA vem formando nos seus cinco anos de vida.

Término esse relato com o poema escrito pela nossa mais nova aluna em desenvolvimento, a Dani, que se encontrou na Umbanda aos 14 anos de idade:

A umbanda veio para me iluminar

Para trazer todo o amor que me faltava

Quando pensava que não ia ter mais onde me segurar

Quando não acreditava em mais nada

Ela veio com todo o amor 

Que tinha de sobra para me mostrar

Como era possível cuidar

Me ensinou que com um abraço pode curar 

Que às vezes precisamos chorar

Para conseguirmos nos recuperar

Os erês me trouxeram a alegria que faltava para me iluminar

Os pretos velhos a sabedoria para lidar com as coisas difíceis da vida 

Xangô me trouxe coragem para nada abandonar 

Exu abriu os meus caminhos, para mostrar que tudo era possível, era só acreditar 

Um amor tão puro que tive que escrever para poder me expressar


Agora, podemos todos dizer com fé que SOMOS UMBANDISTAS, e tenho certeza de que nenhum de nós vai esquecer esse dia tão marcante e tão especial em nossas vidas.

Saravá Umbanda

Paulista típica, Umbandista e artista visual. Aluna em desenvolvimento mediúnico de quinta-feira no Templo Sol de Aruanda. Apaixonada por café, gatos e de agregar pessoas com energia vital.