Sentindo a terra nos dedos

Sentindo a terra nos dedos

A armadura que a gente constroi é de ferro e pesa toneladas. Ela vai sendo montada peça a peça durante anos, por traumas, erros e dores. Os acontecimentos da nossa vida acabam nos moldando a ela e acabam moldando-a a nós. Viramos uma só. 

Por anos, carregamos esse peso, esse fardo, achando que ela nos pertence e que nunca deveríamos nos livrar de algo que demoramos tanto tempo para construir. Vira apego. Afinal, nem sabemos mais como somos sem ela! 

Nesse mesmo caminho trilhado, deixamos a nossa segurança para trás e, por ‘segurança’, eu digo aquela segurança que adquirimos quando nascemos, de caminhar sem medo (de ser e de errar), com fragilidade! 

Por agora estarmos unidos a ela, esquecemos como se pisa no solo descalço, esquecemos como é ver o sol por trás daquele ferro, como é caminhar sem ter que levar consigo o peso dos traumas, erros e dores. Insegurança. 

Livrar-se dessa armadura significa ter que construir novamente sua segurança. Significa ter que encontrar dentro de ti o porquê de ter construído a insegurança; entender que agora você não precisa mais dela, que tudo bem você voltar a caminhar sozinha! E isso pode ser amedrontador. 

Tirar uma bota, pisar na terra e caminhar um pouco. 

Tirar o escudo, abrir o peito, caminhar mais um pouco. 

Ninguém disse que tem que ser rápido. Ninguém pediu pressa. 

Mas retire sua armadura, volte a ti mesma. O fardo não é mais seu, a vida não precisa ser tão pesada quanto fazemos dela.

Cientista e Filha de Oxum e Oxóssi. Vivendo na dualidade de ser Pisciana e ter medo do mar. Encontrando quem eu sou e evoluindo a cada dia. Aluna de desenvolvimento mediúnico de quinta-feira.