Ogum na Umbanda Sagrada

Ogum na Umbanda Sagrada

Saravá nosso Pai Ogum!

Orixá guerreiro, tradicionalmente o Orixá mais cultuado em todas as linhas de Umbanda, por ser associado à luta e ao trabalho e à abertura e afastamento da desordem dos caminhos de seus filhos.

Dos 7 Tronos Divinos da Umbanda Sagrada, os Tronos de Deus, Ogum é o Orixá regente do polo magnético positivo do Trono da Lei, chamado de Trono Masculino da Lei.

O Trono da Lei é um trono eólico, e cria uma linha pura do ar elemental ao projetar-se, dando sustentação a milhões de seres elementais do ar, até que eles estejam aptos a entrar em contato com um segundo elemento, pois essa linha se irradia no tempo e no fogo, fixa-se nos cristais e minerais da terra, dilui-se na água e absorve o vegetal etc., todos estes como um segundo elemento.

Na linha pura do ar elemental só temos Ogum e Iansã como regentes.

Das 7 linhas elementais, o ar é o elemento da comunicação e do intelecto, que nos conecta à sabedoria e à clareza de pensamento, promovendo a expansão da consciência, e influencia a nossa mente, comunicação e criatividade.

Como Orixá essencial de polaridade positiva, Ogum é um dos Orixás Universais, promovendo a sustentação das ações retas e harmônicas, na linha da Lei.

Tem como qualidade estar em tudo e em todos o tempo todo e durante todo o tempo.

E tem como atributo captar todas as vibrações e irradiações mentais dos seres, e, após captá-las, estimulá-las, anulá-las ou paralisá-las

Onde estiver um Ogum, lá estarão os olhos, a aplicação, a execução, a entrega e a busca da Lei e da Ordem, nos terreiros e nos 7 campos da vida de seus filhos e de todos aqueles que o procuram.

Mas, procurar a Ogum significa precisar entender tudo o que ele pode representar em nossas vidas e como ele atua.

Como aplicador natural da Lei, Ogum não se permite uma conduta alternativa, agindo onde lhe for ordenado, mas com inflexibilidade, rigidez e firmeza.

Nos terreiros, suas linhas de trabalho, como um caboclo de Ogum, se mostram avessas às condutas desordenadas de seus membros e frequentadores, estando atento ao desenrolar dos trabalhos realizados, tanto pelos médiuns quanto pelos espíritos incorporadores.

Sendo polo positivo do Trono da Lei, Ogum é ativado no retorno, estimulando o ser de dentro para fora, atuando na linha divisória entre a razão e a emoção.

Ogum é sinônimo de Lei e Ordem e atua na ordenação de processos e procedimentos caóticos, desequilibradores e desarmonizantes daqueles que o procuram, e também na proteção e limpeza de seus caminhos.

Todo Ogum atua da mesma forma e move-se por um único sentido: aplicar a Lei!

Mas, o Trono da Lei também é agente movimentador do plano espiritual, energia vibrante e ativa na execução das providências divinas do plano espiritual, pela ação do ar elemental com um segundo elemento, nos campos dos Orixás dos demais Tronos de Deus.

Na energia de Ogum, poderá se buscar proteção, ordenação, quebra de demanda, força, motivação, resultados e liderança, como exemplos.

Ogum é sinônimo de Lei e Ordem porque ele tanto aplica a lei, quanto ordena a evolução dos seres, não permitindo que alguém tome a direção errada. Por isso, Ogum é chamado de ‘O Senhor dos Caminhos’ (das Direções).

Um típico pedido a Ogum é a ordenação e/ou proteção e/ou fortalecimento e/ou quebra de demanda, de caminhos potencializando com os Orixás de outros tronos, como: Caminhos no amor (Com Oxum), caminhos na saúde (Com Obaluaiê), caminhos na justiça (Com Xangô), caminhos no emprego (Com Oxossi e Oxum), caminhos na fé (Com Oxalá), etc.

A escolha de um dos fatores de Ogum, potencializando com um segundo Orixá em seu trono, agregará a energia naquilo que precisa ser feito ou desfeito, sempre lembrando que Ogum não permitirá conduta alternativa. Os pedidos, portanto, devem estar sempre alinhados à Lei Maior.

Dentre outras características, Ogum pode ser de guerra ou de ferramenta.

O primeiro é o guerreiro temido e implacável, deus do ferro e da metalurgia que em seu cavalo corre, e sua espada reluz.

O segundo é o protetor de todos os profissionais que se utilizam de alguma ferramenta para realizar seu trabalho, como ferreiros, agricultores, caçadores, carpinteiros, escultores, sapateiros, talhantes, metalúrgicos, marceneiros, maquinistas, mecânicos, motoristas e de todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais afins para exercer suas profissões.

Como guardião dos caminhos, seu campo de força e entregas são estradas, linhas de trem e quaisquer linhas que representem um caminho a ser percorrido.

Em algumas linhas de Umbanda, a cor que representa Ogum é apenas o vermelho. Na Umbanda Sagrada o azul escuro é a cor predominante, podendo haver elementos na cor vermelha. Em vestimentas e fios de contas podem ainda ter presença de outras cores em função de entrecruzamentos, mas com predominância do azul escuro.

Embora qualquer dia da semana se possa celebrar e oferendar Ogum, um dia comumente associado ao Orixá é a terça-feira.

Os filhos de Ogum tendem a ter facilidade de exercer a liderança. Tem força e energia, são resistentes e teimosos, sinceros, inquietos e agitados, persistentes, resilientes e otimistas, divertidos, alegres e piadistas, dentre outras características.  

Seus principais pontos positivos podem incluir, resistência, valentia, democracia, apreço, senso de justiça, determinação, vigor, planejamento, alegria, senso de humor, sinceridade, companheirismo, fidelidade, perfeição e dinamismo. 

E negativos podem incluir, agitação, ansiedade, agressividade, egoísmo, individualismo, procrastinação, teimosia, justiça com as próprias mãos, autoritarismo, ciúmes, impulsividade, impaciência e hiperatividade.

Na Umbanda Sagrada Ogum rege a linha dos Malandros, entidades consagradas pela energia dos excluídos. Essas entidades emergem como símbolos de proteção, orientação e superação para aqueles em busca de equilíbrio emocional e espiritual. Os Malandros simbolizam a aproximação dos excluídos com o Divino e nos ensinam a ser flexíveis.

Na Umbanda, Ogum assumiu ainda a missão de formar linhas de ‘Exus de Lei’, os espíritos humanos caídos em faixas vibratórias negativas da dimensão humana, que tiveram seus níveis vibratórios negativos neutralizados e paralisados para que pudessem retornar de forma ordenada aos mistérios da divindade que lhes dá sustentação, enquanto se mantiverem nos limites reservados a eles pela lei (Ogum).

Com isso, Ogum rege a Esquerda, os nossos Guardiões, Exus, Pombagiras, Exus Mirins e Pombagiras Mirins, através da ordenação e determinação dos limites da lei para que os guardiões possam seguir caminho de evolução em dimensão paralela à dimensão humana.

Ogunhê meu pai!

Ilustração: Fabiana Quarterola