Resenha Guardião da Meia-Noite

Resenha Guardião da Meia-Noite

O “Guardião da Meia-Noite”, escrito por Rubens Saraceni e inspirado por Pai Benedito de Aruanda, sem dúvidas, é uma das grandes referências de leitura que recebemos, quando começamos a adentrar esse universo de conhecimento em expansão que é a Umbanda Sagrada. Especialmente porque, logo de cara, já fundamenta uma das entidades mais procuradas durante os trabalhos e, ao mesmo tempo, mais temidas por aqueles que não a entendem: Exu.

O livro traz a história do Barão, que divide com seu amigo (o mestre de luz Taluiá) detalhes de sua trajetória, desde que encarnou como um poderoso nobre da época colonial até firmar-se como um dos chefes de falange mais poderosos do “embaixo”. Após viver décadas solitárias, o Barão decide procurar o amor e a companhia de uma mulher, mas, nesse processo, é dominado por suas próprias paranoias e vê brotar em si um ciúme tão irracional, que o leva a arquitetar um plano que, não só o afasta do amor, como também o faz conivente com todo o sofrimento e mortes causadas por suas ações.

A lei do retorno começa a alcançá-lo ainda na carne, mas é só após desencarnar sozinho e sem dar-se conta de seu triste fim, que o Barão sente a prisão de sua própria consciência.

Ao perceber que está no umbral, uma região alimentada por vibrações mentais muito baixas, clama a Deus e ao Diabo, até que vem em seu resgate um ser identificado como Príncipe das Trevas. O Príncipe lhe dá a chance de renascer como um ser das trevas e vira mestre do Barão, que passa a realizar missões e a absorver todo o conhecimento que seu mestre tem a compartilhar. Após atingir certo grau de evolução, já consagrado como Guardião da Meia-Noite, o Barão ganha sua liberdade e assume definitivamente seu posto de guardião e chefe de falange.

[Momento nerd : para os estudiosos de plantão, esse caminho percorrido desde o umbral até a liberdade é uma exemplificação perfeita do processo de ‘exunização’ de um espírito que caiu por seus erros e excessos cometidos em vida.]

A partir daí, o Barão vai fazendo seu nome e ganhando o respeito (e o temor) de todos pelo teor de seu trabalho: um ser das trevas atuando para o cumprimento da Lei Maior, tentando compensar seus erros, enquanto dá a outros homens e mulheres a chance de serem resgatados e colocados novamente no caminho da evolução.

Para quem ficou curioso, o enredo do “Guardião da Meia-Noite” vai muito além dessa breve resenha. Vale a leitura, sendo você umbandista ou não, por tratar-se de uma história sobre as escolhas que fazemos ao longo da vida e como cada uma delas afeta não só nosso mental e emocional, mas também determina os caminhos que seguiremos, após o desencarne.

*Dica da Schneider : a trilogia do “Cavaleiro da Estrela Guia” é uma história que se entrecruza com a do “Guardião da Meia-Noite” e também vem cheia de mistérios e ensinamentos sobre amor, ancestralidade e missão de cada um. Vale como próxima leitura!

Carolina Schneider, que vem encontrando no trabalho junto à espiritualidade algo muito potente, não só pelo fator da caridade, mas, também, pela possibilidade que dá às pessoas de se conectarem com suas próprias essências de alma. Aluna de desenvolvimento de quinta-feira.