
Mês de fevereiro – mês da Orixá Iemanjá
Iniciar as edições do jornal do Templo Sol de Aruanda em homenagem a Orixá Iemanjá já é uma benção por si só.
Adentrar a energia dessa Orixá para tecer essas breves palavras é tentar compreender o que significa toda essa luz, e esperar (do verbo esperançar) que, por meio dessas singelas ponderações, os leitores possam iluminar-se e preencher-se de tamanha força.
Nosso país Brasil, na sua geografia, foi agraciado com um litoral imenso banhado por um mar que atrai magneticamente milhares de pessoas para suas baías e praias e que é o grande ponto de força de Iemanjá. Muitas são as músicas e datas festivas em sua homenagem, para agradecer ou fazer pedidos, e a sua imagem, seja um desenho, seja um quadro, seja uma pequena escultura, tornou-se comum e conhecida pela maioria de nós, fazendo de Iemanjá uma Orixá pop.
Vale pontuar que a representação humana de Iemanjá tem origem principal no Candomblé. Nos termos do idioma Iorubá (língua nígero-congolesa) Yèyé omo ejá se traduz como “mãe cujos filhos são como peixes.” Muitas são as lendas que a descrevem como dona do mar, mãe de todos os filhos, e, que além de gerar a todos, alimenta e provê os recursos para sua sobrevivência.
Como é amplamente sabido, o regime escravocrata proibiu que os escravos cultuassem seus Orixás e religião nativa (aliás o Candomblé e demais religiões africanas foram perseguidas até a década de 1930 no Brasil). Assim, em razão do sincretismo, a Orixá Iemanjá foi então por muito tempo cultuada como a Nossa Senhora dos Navegantes. Para a Igreja Católica, a data de homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes é o dia 02 de fevereiro, data que também ficou marcada como dia de Iemanjá e até hoje há festas enormes e lindíssimas na Bahia, no Rio de Janeiro e em outros estados para essa Orixá. Por isso, escolhemos o mês de fevereiro para a primeira edição do nosso jornal de Umbanda Sagrada do Templo Sol de Aruanda!
Mas esse texto é também para dizer que a Orixá Iemanjá é muito mais que uma deusa pop, mais ainda que apenas a rainha do mar.
Para a Umbanda Sagrada, Iemanjá representa o pólo feminino do Trono da Geração, ou melhor, uma das energias diretas de Deus, que atua para que tudo e todos sejam gerados. Por isso, a grande mãe, ou a energia da grande mãe. Rubens Saraceni pontua: “A mãe de todos os Orixás […] é o próprio princípio gerador feminino e é associada à matriz geradora divina. Ela faz com que toda criação divina se multiplique.”
Assim, todos nós, para sermos gerados, tivemos que ser amparados pela força de Iemanjá na barriga das nossas mães, assim como tudo que criamos e geramos, sejam projetos, ideias, sentimentos, famílias, casas, empresas, enfim… todas as criações partem da energia da grande mãe para terem existência nesse plano material terreno. Por isso, cultuamos Iemanjá, a agradecemos, a honramos em suas datas ou quando precisamos reforçar a energia da geração dentro de nós.
Igualmente é a força de geração do mar, com toda sua fauna de espécies e riquezas, sendo a água um dos elementos essenciais para qualquer forma de vida. O mar, por meio da atividade das algas, gera grande quantidade do oxigênio necessário à vida. As suas correntes esfriam e aquecem os oceanos, espalhando nutrientes às inúmeras formas de vida, recebendo os sedimentos de todos os rios, distribuindo-os nos oceanos, além de outras funções primordiais no planeta. Tudo isso, funções da energia divina de Iemanjá.
Por isso, azul-claro é a sua cor; água salgada é o seu elemento; rosa, palmas e lírios brancos suas flores; manjares, arroz doce e peixes assados suas comidas; champanhe doce e licor de ambrósia suas bebidas, também das caldas de pêssego ou ameixa; velas azul-claro e brancas. Esses são alguns elementos que podem ser ofertados para fortalecimento da energia de Iemanjá naquele que dela necessita. Eles podem ser ofertados também para agradecimento, da mesma forma.
Não temos dúvida que esse jornal foi gerado na força da Orixá Iemanjá, publicado e editado neste mês, de modo a homenageá-la e agradecê-la por continuamente nos prover de ideias e possibilidades de expandir o conhecimento da Umbanda Sagrada, para todos que se interessem e tenham curiosidade de entender um pouco mais dessa linda mãe e de todos os seus filhos Orixás, que compõem as sete irradiações sagradas de Deus. Odoyá, minha mãe Iemanjá!
No dia 03/02/2024, o TSA fez uma festa na praia para homenagear essa linda Orixá Iemanjá. As fotos compartilhadas aqui refletem um pouco do que foi esse momento de muita alegria (fotos por Ricardo D’Angelo).
Também temos a honra de compartilhar um dos primeiros textos do dirigente do TSA, Paulo Zanin, como sacerdote de Umbanda, sobre nossa rainha Iemanjá.
Sento em frente de Pai Joaquim e pergunto quem é a minha mãe e ele, com aquela feição calma e tranquila, abre um sorriso e diz: “Filho, ouve o ponto e me responda você!” E na gira começa um ponto para ela. “Você é filho da mãe das águas e da vida… última a ser falada na contagem das Sete Linhas, mas a primeira a chorar pelos seus filhos… mãe amorosa, todos descansam suas aflições no seu colo… todos esperam seu axé da vida, da geração, da criação, e do novo!!!”
Um ponto para ela é quase sempre cadenciado numa batida mais lenta, um ponto para ela é uma súplica, e, se nos concentrarmos, ouviremos que um ponto para ela é a BATIDA DE UM CORAÇÃO!!!!
Quando estiver sem saída, quando estiver no escuro, ou quando precisar da vida, chame pela minha mãe… pois ela é minha, ela é sua, ela é nossa… ela é mãe de todos!!
Que o dia de hoje seja irradiado pela energia dela que vem das ondas do mar para afastar o mal e trazer seu axé!
Hoje é dia de Iemanjá!!!
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