
O Retorno da Cigana
Aqui, nossa colega Geórgia compartilha um relato corajoso sobre sua caminhada na espiritualidade e sobre a cigana que a acompanha!
Eu sempre tive vários questionamentos referente a religiões. Nasci na igreja evangélica Congregação Cristã no Brasil e, depois dos 18 anos, frequentei várias outras religiões. Até mesmo do ateísmo já fui adepta. Mas sempre tive uma ligação muito forte com misticismo. Desde pequena via espíritos de todas as formas, via entidades, sem nunca ter pisado em um terreiro, e eu ficava muito louca, desesperada, angustiada e pedia para não ver mais.
Porém, sempre havia alguns “espíritos” que me ajudavam em determinados momentos da vida e uma delas era uma cigana, um ser lindo, iluminado, porém, com uma tendência a ser mais brava e firme comigo (rs).
Ela se apresentou na minha juventude, antes de eu nem sonhar em ir para Umbanda. Na verdade, eu sempre critiquei a Umbanda, pois na igreja até espíritos eu já expulsei.
Mas ela era uma mulher linda, empoderada, me falava muitas coisas e me pediu um baralho para ela jogar. Comprei, consagrei conforme orientação dela, isso há muitos anos atrás e antes da Umbanda, e o abro até hoje para meu autoconhecimento, dentro da sua irradiação.
Até aí, tudo bem! Entrei para a Umbanda depois de um processo muito dolorido na minha vida. Após três tentativas de suicídio, foi um terreiro de Umbanda que me socorreu! Fiquei um tempo, saí de novo e agora voltei. E, nessa volta, a cigana me pediu para abrir o baralho para outras pessoas, porém, fiquei resistente. Na verdade, eu cheguei a abrir para algumas pessoas, mas sempre tive receio de errar. Nunca aconteceu, mas vai que, né?!
Antes de entrar no TSA, a cigana me disse que, se eu não começasse a abrir para as pessoas, iria se afastar, e eu questionei (como sempre). Ela me mandou estudar, já que não confiava nela, e se afastou. Simplesmente se afastou. Fiquei meio espantada, pois isso nunca tinha acontecido.
Entrei no TSA depois de uns perrengues na vida (para variar) e fui frequentando o desenvolvimento, até que um dia, no escritório da empresa, a minha assistente decidiu me vender Avon (rs)! Peguei a revistinha, folheava e ela veio com um batom “vermelhaço”, com glitter dourado, dizendo que ele permanecia por 16 horas na boca. Insistiu muito para que eu passasse, para ver como ficava, se eu gostava. Passei o batom e, realmente, fixa muito bem e, quanto mais você movimenta a boca, mais glitter dourado aparece.
Fiquei com o batom o dia inteiro, mas eu não me lembrava de que era uma quarta-feira e eu tinha aula de desenvolvimento mediúnico mais tarde. A noite chegou e fui escovar os dentes para ir ao TSA. Quando olhei minha boca… meu Deus!!! O vermelho com glitter dourado gritava. Escovei, tentei tirar, nada… tudo em vão! Pensei: “Meu Pai, como vou chegar no TSA com essa boca? Com que cara eu vou olhar para a minha Vovó com essa boca ‘vermelhaça’ com glitter dourado?!” Fiquei preocupada, afinal, estávamos estudando Omolu e viriam os pretos e pretas velhas.
Eu tinha duas opções: ia assim mesmo, ou faltava. Decidi encarar a vergonha e ir (rs)!
E fui! Mas sentia que estavam todos me olhando. Mas pensei: “Deixa o povo olhar. eu estou aqui por mim e pelas minhas entidades!” Até que nossa Mãe Carol, inspirada pela espiritualidade, nos informa que seria uma gira diferente: que iríamos trazer várias linhas, como os Caboclos, Marinheiros, Baianos, Ciganos, Malandros. Nesse momento, eu já tinha esquecido do batom e já estava totalmente entregue à espiritualidade.
Incorpora um, incorpora outro, até que, voltando de Marinheiro, eu ainda estava tonta, pensando no que ele tinha me falado, eis que surge Mãe Carol na minha frente e me pergunta: “Você conhece sua cigana, né?” Eu, meio tonta, respondi que sim e ela disse: “Vai lá na frente sustentar.” (Acho que foi isso que ela falou. Eu estava tonta ainda). Lembro-me de que falei: “Quê!?” E ela: “Vai.”
Não sei como fui parar lá na frente. Eu já comecei a tremer e pensei: “Como vou incorporar minha cigana se ela está afastada de mim? Não vou conseguir!” E, quando menos esperava, ela veio, linda como sempre, com a energia maravilhosa dela. Me falou tudo o que tinha para falar, mas a primeira coisa que falou foi: “Amei o meu batom.” (Ela amaaaaa vermelho com dourado).
Foi pura felicidade! Afinal, sem nem entender, o batom era para ela o tempo todo.
A ausência dela me ensinou e o retorno me ensinou mais ainda: a confiar!!! Logo eu, a questionadora de tudo!
Um detalhe importante sobre o batom: a Mãe Carol nos lembrou de que, em outra casa que frequentamos, não se podia usar batom vermelho, tanto que as Pombagiras passavam batom só depois de incorporadas e, graças ao Nosso Pai Oxalá e a nossos dirigentes, hoje não temos esse problema! Mas deve ser por isso que inconscientemente eu fiquei muito abalada com o batom “vermelhaço” com glitter dourado. Risos.
1 – Nota da edição: esse artigo não é uma propaganda da Avon, ou de qualquer outra marca.
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