
Como o Benzimento Transformou Minha Vida: Uma Jornada Pessoal e Espiritual
Sempre fui católica e venho de uma família católica fervorosa. Minha avó, com toda a sua fé, nomeou uma de minhas tias de Aparecida em homenagem a Nossa Senhora Aparecida. Apesar desse forte contexto religioso, minha mãe e minha avó nunca me forçaram a seguir a religião. Pelo contrário, sempre trataram e demonstraram muito respeito por todas as religiões. Se alguém convidasse minha mãe e minha avó para qualquer tipo de culto, elas iam e me levavam junto. Com apenas 8 anos, eu já conhecia a maioria das tradições.
Em casa, não era diferente: cultuávamos práticas espíritas, da Umbanda e do Candomblé. Era natural para nós nos benzermos e frequentar benzedeiras. Minha avó dizia que toda criança da família deveria ser batizada e benzida, e minha mãe e seus irmãos seguiram à risca o que ela, muito sábia, recomendava.
Cresci frequentando terreiros, onde nos era indicado que eu, minha avó e minha mãe desenvolvêssemos nossa mediunidade para nos tornarmos benzedeiras. Era comum minha avó me benzer, minha mãe me benzer e eu benzer ambas. Se enfrentássemos um problema sério, benzíamos uma à outra, e se queríamos que algo desse certo, fazíamos o mesmo. Essa prática continuou mesmo após o falecimento da minha avó.
A ligação entre minha avó, minha mãe e eu sempre foi muito forte e espiritual. Sentíamos quando uma estava em perigo ou não estava bem. Mesmo nos dias em que passamos no hospital acompanhando a caminhada da minha avó, continuamos a benzer ela, mesmo que ela não se lembrasse devido ao Alzheimer. Eu e minha mãe fazíamos o que ela sempre nos ensinou.
No último dia em que a visitei no hospital, percebi, através de uma mensagem espiritual enquanto benzia minha avó e de um sonho, que o momento da sua partida estava próximo. Foi um choque para mim, pois acreditava na espiritualidade, mas não estava desenvolvida na Umbanda. Minha avó faleceu 3 dias depois, mas, graças ao aviso que recebi durante seu benzimento, consegui lidar com a situação de uma forma mais serena.
Um ano depois, após enfrentar algumas batalhas internas, finalmente consegui voltar ao terreiro e honrar minha avó. Embora eu fosse católica, ela sempre me dizia que meu lugar era na Umbanda. Comecei meu desenvolvimento e comecei a estudar mais sobre minhas entidades. A primeira entidade que conheci foi meu Exu, e ele sempre me dizia que eu deveria me preparar para benzer e cuidar das pessoas. À medida que fui estudando mais sobre ele e me comunicando melhor, descobri que ele era a entidade que me acompanhava em minha jornada, orientando e apoiando meus passos no benzimento.
Lembro-me de perguntar às minhas irmãs de fé como poderia estudar e participar do núcleo de benzimento. Elas me orientaram a aguardar a abertura de novas turmas. Quando surgiu a oportunidade, fomos acolhidos pelo Pai Caio, que nos ensinou mais sobre a arte do benzimento, tanto de forma teórica quanto prática.
Naquele momento, encontrei meu lugar e finalmente dei sentido à minha caminhada. O que antes era incerteza se tornou certeza, e meu coração se acalmou ao descobrir que entidades de esquerda também podem benzer. No meu primeiro núcleo de benzimento, estava nervosa e angustiada, mas Pai Caio me tranquilizou, dizendo para deixar as coisas acontecerem naturalmente. Quando chegou a primeira pessoa a ser benzida, eu sabia exatamente o que fazer.
Entendi, então, uma das principais lições do curso: o benzimento é sobre amor. É o amor que você oferece às pessoas em forma de oração. Foi o amor e o benzimento de minha avó e minha mãe que me guiaram para esse caminho. Aconselho a todos que buscam acalmar o coração, pedir proteção, cuidar da saúde ou obter ajuda para questões materiais a conhecer mais sobre o benzimento. Conectem-se com as preces, ervas, velas e elementos, e descubram esse caminho maravilhoso de amor ao próximo e a si mesmo.
Ilustração: Mayara Assis
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